Há algumas dezenas de anos, a população
fagundensse durante o mês de janeiro se reúne em torno das festividades de seu
co-padroeiro São Sebastião, porém nos últimos anos uma grande polêmica tem envolvido
essa festa que já faz parte da cultura da cidade da fé.
O
atual pároco, seguindo as orientações dos documentos da Igreja, decidiu retirar
a venda de bebidas alcoólicas e procurar destacar a importância da festa
religiosa resgatando a espiritualidade da mesma. Tais atitudes modificaram a
tradicional estrutura de muitos e muitos anos.
Por
toda a cidade, em todas as esquinas se escutam os mais diversos comentários sobre
a festa, com opiniões contra e a favor a decisão do padre, nas redes sociais
muitas pessoas fazem questão de expor sua opinião parabenizando ou criticando e
talvez todos tenham um pouco de razão no que diz. Mas essa situação nos levar a
refletir se a festa é tradição ou devoção, quando falamos em tradição devemos
levar em conta toda a historia de nossa cidade, a confraternização das famílias
e amigos que anualmente acontece com muitos vindos de outros lugares para
visitar seus parentes e conhecidos, a participação de todos como evento social
valorizando o que a cidade tem de bom para oferecer. Já falando em devoção,
devemos olhar com os olhos de um devoto, a importância da festa nesse sentido
gira em torno de Jesus, pois foi por ele que Sebastião se tornou mártir e é
exemplo para a comunidade nos dias de hoje, sendo assim “as coisas do mundo” não
devem ocupar espaço nas festividades.
Outro
aspecto importante que devemos levar em consideração é o trabalho pastoral e
social que a Igreja tem no combate as drogas e na luta pela recuperação dos
dependentes químicos, seria contraditório ela mesma fornecer meios para que
seus filhos caíssem nessa dependência, então alguém pode perguntar, mas a
tradição simplesmente acaba?
Um
fato que muito me chamou á atenção nesses dias foi ver algumas pessoas elogiando
a nova forma de festa, as quermesses, mas as mesmas não compareceram para
mostrar seu apoio não só verbalmente e sim fisicamente e também financeiramente,
mas quando se vendia bebidas alcoólicas eram as primeiras a chegarem. Pode até
parecer engraçado, porém é a realidade.
O
que fazer então para solucionar o problema, na minha opinião a festa de São
Sebastião é tanto tradição quanto devoção e não se podem mais separar uma da
outra, penso da seguinte maneira, se é tradição do povo fagundensse, então que
o povo de Fagundes a faça da mesma forma que sempre aconteceu, uma festa
popular de confraternização com lucros que depois são doados para os trabalhos
da paróquia, ajuda do povo para a Igreja. Da parte devocional assume a
comunidade cristã católica de fato e de direito. Eu particularmente não acredito
que a venda de bebidas alcoólicas na festa de São Sebastião em Fagundes seja
algo ruim, se fez isso por tantos anos e graças a Deus e a compreensão de todos
nunca aconteceu nada de mais, afinal é uma festa de famílias, confraternização
de amigos e todos conhece os seus limites e respeitam a intenção da festa. Penso
que na verdade o que deveríamos ter são menos falatórios e mais atitudes, a
Igreja não é somente hierarquia, mas também é comunidade e uma não se sustenta
sem a outra. É necessário mais dialogo e mais fraternidade.