Meus
queridos irmãos e irmãs, a liturgia desse fim de semana nos convida a viver de
maneira mais intensa os ensinamentos de nosso Senhor a respeito do amor. Somos
convidados a sair de nós mesmos para amar até mesmo aqueles que não nos amam. De
fato é um desafio muito grande, sobretudo numa sociedade cada vez mais
individualista e egoísta como a nossa, infelizmente em muitos casos somos
apenas uteis e não necessários e desse modo quando perdemos nossa aparente
utilidade somos logo descartados, tantas vezes esquecemos que somos todos
irmãos e o Papa Francisco nos recorda isso em sua encíclica Fratelli tutti.
O
evangelista São Lucas destaca as palavras de Jesus que diz “A vós que me
escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos
odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos
caluniam.[1]” Somos acostumados e educados a retribuir
com gentileza e carinho toda afeição que recebemos de nossos parentes,
conhecidos e com cuidado até mesmo de desconhecidos, mas Jesus hoje nos pede
algo extraordinário, amar aqueles que são os nossos inimigos e fazer o bem para
quem nos gosta da gente. Quando estamos chateados com alguém ou nos sentimos
prejudicados nossas primeiras reações são de afastamento ou o desejo de
vingança, mas como cristãos somos motivados a caminhar na contramão dos
institutos puramente humanos, rezar por aqueles que nos fazem mal é antes de
tudo nossa obrigação que temos como exemplo máximo Jesus, que no alto da cruz
não amaldiçoou os seus algozes, mas com o Coração cheio de misericórdia perdoou
seus malfeitores rezando ao Pai celeste que não levasse em consideração suas
faltas, pois não sabiam da gravidade do pecado que estavam cometendo.[2]
Na
oração do Pai nosso[3]
todas as vezes que rezamos pedimos a Deus que nos conceda a graça do perdão,
mas para isso colocamos um condicional, que sejamos perdoados do mesmo modo que
somos capazes de perdoar, o perdão é fundamental para que possamos viver
fraternalmente construindo o Reino de Deus, se não nos perdoarmos não poderemos
nos unir em prol de um projeto de humanização e caridade e desse modo também
não recebemos de Deus o seu perdão, pois devemos ser misericordiosos com nossos
irmãos assim como o Pai celeste é conosco[4].
Oferecer
a outra face não significa que devemos permitir que nos violentem fisicamente,
isso poderia parecer masoquismo, mas nosso Senhor que nos dizer que devemos
agir com humildade e mansidão, não é retribuindo o mal com o mal que resolveremos
as coisas, ao invés da violência sejamos instrumentos da paz. Como regra básica
para a vivência cristã, devemos tomar como guia o mandamento do Senhor quando
nos diz que “o que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós
a eles” [5],
nessas palavras Jesus nos ensina a praticar a empatia, é preciso sentir a vida
do outro como se fosse a nossa própria vida, é claro que cada um tem suas
particularidades e experiencias e cada um a seu modo vive de maneira deferente
os diversos acontecimentos do cotidiano, mas querer para o outro sempre o que
queremos para nós mesmos é entender que somos iguais e por isso como filhos de
Deus pertencemos a mesma família, portadores da mesma dignidade. Como resumo
dos mandamentos, Jesus nos ensina que devemos amar a Deus sobre todas as coisas
e ao próximo como a nós mesmos[6].
Somente
unidos a Jesus Cristo é que poderemos viver e experimentar o verdadeiro amor e
a verdadeira paz, o mundo nos oferece muitas ilusões de preenchimento para nossa
vida, mas nosso interior só pode ser preenchido pela paz que vem do Cristo
Jesus[7],
nele somos novas criaturas[8]
e assim poderemos espalhar para o mundo inteiro as graças que recebemos do seu
sagrado coração. Por causa do pecado somos marcados pelas coisas terrestres,
mas pelo perdão, amor e fraternidade refletimos Jesus que nos chama a sermos do
céu, pois bem-aventurados são aqueles que promovem a paz[9].
Elevemos
ao Bom Deus uma prece pedindo pela paz no mundo, especialmente pelas nações que
nos últimos dias estão vivendo um clima de grande tensão e ameaça de conflitos
armados, são tantos os inocentes que sofrem por causa do egoísmo e desejo de
poder de alguns líderes, rezemos pedindo a paz, rezemos para que o Senhor
alivie o sofrimentos dos inocentes, rezemos para que o Espírito Santo converta
os corações dos maldosos, rezemos que para saibamos ser mansos e humildes como
Jesus. Deus nos abençoe!
[1] Lc
6, 27-28.
[2] Lc
23, 34.
[3] Lc
11, 4.
[4] Lc
6, 36.
[5] Lc
6, 31.
[6] Mt
22, 37-39.
[7]
Fome de paz – Pe. Zezinho.
[8] 2
Cor 5, 17.
[9] Mt
5, 9.