“No
Coração da Igreja, minha Mãe, serei tudo, serei o Amor...”
(Santa
Teresinha)
Queridos
irmãos e irmãs, o Magistério Católico no Brasil nos concede a graça de celebrar
com alegria e contemplação as diversas vocações que brotam do Coração da
Igreja, Corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Santa Teresinha tendo
compreendido esse magnífico mistério desejou assemelhar-se ao próprio Deus,
sendo ela mesma, imagem e semelhança do Amor, pois Deus é Amor.[1]
Neste
ano, celebramos o III Ano Vocacional do Brasil, tendo como tema VOCAÇÃO: GRAÇA
E MISSÃO e como lema: “Corações
ardentes, pés a caminho”[2].
Iluminados pela passagem bíblica que narra o encontro de Jesus com os
discípulos de Emaús, temos a oportunidade de refletir como estamos vivendo a
graça e a missão da vocação que Deus nos confia. Assim como aqueles discípulos,
muitas vezes estamos desanimados e pensamos em abandonar o projeto iniciado, no
entanto, são as noites escuras, embora pareçam assombrosas, que permitem que
nossos olhos se abram para reconhecer o Senhor que caminha conosco e faz nosso
coração arder.
Como
sustento de nossa vocação, nos alimentamos da Palavra de Deus, da vivência em
comunidade e da Santíssima Eucaristia, esses elementos são indispensáveis para
qualquer vocação que se realiza na oração e trabalho apostólico, vivendo já
aqui o céu que se completará na eternidade. “Somente uma vocação alimentada pela intimidade com o Senhor poderá se
tornar uma resposta autêntica à humanidade que vagueia entre tantas incertezas
e inseguranças. É o amor experimentado e alimentado pela íntima amizade com
Cristo que dará ao chamado a possibilidade de testemunhar com a vida o que seus
lábios proferem em discursos e súplicas.”[3]
É
do Coração de Cristo que brota todas as vocações e nesse Coração encontramos a
melhor escola para vivermos santamente tal chamado. Nessa santa escola aprendemos
a ter um coração manso e humilde, com os mesmos sentimentos do Coração de Jesus[4],
aprendendo d’Ele a capacidade de olhar para as multidões de nosso tempo que
estão cansadas e abadias por tantos males espirituais, materiais e morais.
Tantas pessoas de nossa sociedade, até mesmo familiares e amigos próximos vivem
com ovelhas sem pastor, é preciso olhar para elas com o olhar do próprio Jesus,
repleto de compaixão, e compreender que a messe é grande, mas infelizmente os
operários ainda são poucos.[5]
Celebrar
o mês das vocações é assumir que todos nós somos operários da messe do Senhor,
é permitir que a intimidade com Jesus faça nosso coração arder e tendo
reconhecido Ele no partir do pão saímos em missão para anunciar a todos os
povos a graça do Ressuscitado. Celebrar o mês vocacional é também assumir o
compromisso de rezar pelas vocações, cumprindo o mandamento de Jesus de que
devemos pedir ao Senhor da messe, para que ele envie mais operários para a sua
messe. Compreendendo tal necessidade de obedecer a esse divino mandamento,
certa vez Santo Aníbal Maria Di Francia escreveu: “qual é o remédio para a falta de vocações? Nosso Senhor o concedeu:
Rogai ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para sua colheita.
Portanto, ele está ligado à oração: remédio supremo e inefável. Denominamos
este remédio inefável porque tendo indicado e exigido nosso Senhor, não pode
falhar. E, se ele acentuou a oração com este objetivo, indica que quer
atendê-la, senão não o teria ordenado. É como se tivesse dito: se me pedires
operários para a messe, eu vos darei. O que significa também: se não me
pedires, não tereis no número e na medida das necessidades.”[6]
No mês de agosto celebramos
vocações específicas, primeiro lembramos dos sacerdotes, São João Maria Vianney
dizia que o sacerdote é o amor do Coração de Jesus e de fato o é, pois somente
os sacerdotes podem através do Sacramento da Ordem nos trazer Jesus Cristo
corpo, sangue, alma e divindade na Eucaristia, pelas mãos e palavras do
sacerdote recebemos o perdão dos pecados no sacramento da penitência, é a vida
do sacerdote que nos faz ter vida em Deus. Pe. Antônio Maria tem uma canção
muito bonita que diz que na comunidade onde mora um padre, o povo vive mais
feliz. Rezemos para que o Senhor envie mais vocacionados à vida sacerdotal,
sustente aqueles que estão no processo de formação e santifique todos os que já
assumiram definitivamente essa vocação.
Celebramos
também a vocação familiar, ser pai e mãe de família é ser colaborador direto na
obra da criação, é assumir a missão de constituir um fértil berço de outras
vocações. É na família que surgem vocações e se hoje vivemos uma crise de
vocação é porque além de nossa falta de oração, também vivemos uma crise
familiar. São muitas as forças malignas que querem destruir a família, se não
temos casamentos santos, não teremos pais e filhos santos. Infelizmente, hoje
estamos rodeados de ideologias que nutrem nossas famílias de ideias que estão
longe da vontade de Deus, existe muito ataque a chamada família tradicional,
mas não podemos esquecer que a família é uma instituição sagrada, tanto que o
próprio Deus se encarnou no seio da Virgem Maria e quis participar de uma
família. Rezemos para que as famílias vivam santamente o sacramento do
matrimônio, eduquem seus filhos na fé da Igreja e ensinamentos de Jesus, para
que do seu seio nasçam pessoas honestas e dedicadas na construção de um mundo
mais santo e fraterno que é o Reino de Deus.
Neste
mês também dedicamos uma semana aos religiosos e religiosas, homens e mulheres
que buscam configurar-se a Cristo obediente, pobre e casto. Colocando suas
vidas a serviço de todos, vivendo em comunidade segundo um determinado carisma
que embora seja vivido entre congregados, mas é universal e pertence a toda
Igreja. São eles Rogacionistas, Jesuítas, Franciscanos, Beneditinos, Carmelitas
e tantas outras Ordens, Congregações e Comunidades de Vida, seja de vida
contemplativa ou de vida apostólica, todos buscam entregar-se em total
consagração para que o Reino de Deus seja realidade em todos os âmbitos de nossa
sociedade, principalmente entre os pobres e marginalizados, fazendo com que
todos experimentem o amor de Deus.
Não
podemos esquecer dos leigos e leigas que com sua atuação na comunidade eclesial
como catequistas, ministros do canto, da Palavra, da comunhão Eucarística, nos
diversos serviços, pastorais e ministérios se doam para manter vivo o Corpo de
Cristo que é a Igreja. Além disso, em seus trabalhos, estudos e famílias,
também são fiéis testemunhas do ser cristão, levando o nome de Jesus e a fé da
Igreja a todos os lugares, a vida dos leigos é o sangue nas veias da Igreja.
Rezemos para que o Bom Deus continue suscitando pessoas comprometidas com fé e
que através de suas atividades laborais (Políticos, professores, médicos,
advogados, agricultores etc.), possam transformar nossa sociedade egoísta e
doente em espaços de alegria, partilha e santidade.
Enfim,
além das vocações específicas, somos todos vocacionados à santidade, chamados a
viver com os mesmos sentimentos de Jesus, somos vocacionados ao amor. Que o Bom
Deus, Senhor da messe e Pastor do rebanho, derrame sobre todos nós as graças
necessárias para vivermos com fidelidade o chamado que Ele nos confiou, que
nossa vida seja instrumento de paz no mundo que vive em guerra, seja
instrumento de amor na sociedade mesquinha e egoísta, seja instrumento e canal
de santidade onde o Sagrado é desprezado e esquecido. Vivamos este mês
comprometidos em rezar por todas as vocações da Igreja.
ENVIAI,
SENHOR, OPERÁRIOS E OPERÁRIAS À VOSSA MESSE.
Ir.
Alison Aroldo, RCJ