domingo, 15 de março de 2020

JESUS FONTE DE ÁGUA VIVA


          Ao contemplarmos a criação de Deus nos deparamos com um dos elementos mais preciosos que a obra divina realizou, a água. São Francisco de Assis, em seu Cântico das Criaturas, louva a Deus pela água a qual chama de irmã e exalta suas qualidades de necessária, humilde e casta.
            Todos os seres humanos, os amimais e vegetais necessitam desse dom precioso para viverem, a água se torna sinal de vida e é para nós indispensável. Também no âmbito religioso esse elemento está presente de modo significativo, é a imagem de Jesus e do Santo Espirito. Cantamos na noite da vigília pascal que “banhados em Cristo somos uma nova criatura” (2 Cor 5, 17), a água tem a função de lavar e purificar, por isso mergulhados nas fontes batismais e nos tomamos parte do Corpo de Cristo, e como diz São Paulo “não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
            Na Sagrada Escritura encontramos diversas vezes a citação da água como manifestação do Poder de Deus ou no cotidiano do povo: no Gêneses com a história da criação, no diluvio e a Arca de Noé, na travessia do mar vermelho, no batismo de Jesus, no lava-pés da última ceia, entre tantas outras narrações.
            O mais bonito é encontrar o significado espiritual que a água nos apresenta, pois Jesus se torna a fonte viva que sacia a nossa sede. No Antigo Testamento encontramos o povo que na travessia do deserto se lamenta pela falta d’água e até pensam que Deus os abandonou, Moisés como intercessor, apresenta ao Senhor a queixa do povo, como resposta o Onipotente ordena: “Feriras a pedra e dela sairá água para o povo beber” (Ex 17, 6) esse episódio antecede a cena da crucifixão de Jesus que tem o seu lado ferido como a rocha e dele brota sangue e água, sacramento de amor que saciará a fome e sede do povo. 
            É do Coração de Jesus que brota para nós a fonte da água viva. O Profeta Isaias anunciou que “com alegria tirareis água das fontes da salvação” (Is 12, 3), dessa fonte jorra água abundante (Nm 20, 1-7) que nos lava de todo pecado e toda mancha (Zc 13, 1).  Mergulhados em Jesus experimentamos o seu amor que nos encharca de sua graça e transforma nossa realidade miserável em maravilhas, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5, 5).
            O Evangelista João nos apresenta o encontro do Divino Mestre com a Samaritana no poço de Jacó. Algumas atitudes de Jesus deve nos chamar a atenção, primeiro ele sentou-se junto ao poço, talvez por que estava cansado da caminhada, mas também como quem senta para esperar alguém, chegando a mulher ele faz um pedido “Dá-me de beber” (Jo 4, 7), aquele que se apresentará como fonte de água viva pede de beber a uma mulher, Jesus deixa de lado as diferenças entre judeus e samaritanos, não se importa se está falando com um doutor da lei ou com uma pobre mulher, o desejo de dele é ganhar os nossos corações.
            No salmo 42 nossa alma é comparada com a corça que suspira pelas águas, essa água é o próprio Jesus.  Vivemos uma verdadeira relação de amor, do mesmo modo que suspiramos pelo Senhor, Ele tem sede de nós e deseja que nossa alma seja para sempre sua. Santa Teresinha certa vez disse: “meu desejo de salvar as almas crescia a cada dia, parecia-me ouvir Jesus me dizer como a Samaritana: “Dá-me de beber! ”. Era uma verdadeira troca de amor; as almas eu dava o sangue de Jesus; a Jesus eu oferecia estas almas refrigeradas por seu orvalho divino. Assim parecia-me saciá-lo; e enquanto mais lhe dava de beber, mais a sede de minha pobre alminha aumentava. E esta sede ardente que ele me dava era como a mais deliciosa bebida de seu amor. ” Como o salmista podemos dizer que nossa alma tem sede de Deus.
            Essa experiência mística vivida por Santa Teresinha tem raízes nas palavras do próprio Jesus quando ele diz a Samaritana, “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva” (Jo 4, 10). Tantas vezes estamos sedentos e não conseguimos saciar nossa sede, iludidos pelas tentações do mundo mergulhamos no consumismo, nos vícios, pseudo amizades, pornografia, prostituição e todo tipo de futilidade, mas continuamos sedentos, somente se conhecermos o dom de Deus que é o amor, poderemos saciar nossa sede com a água viva.
            A grande beleza do amor de Deus é que nos também nos tornamos canais de sua misericórdia. A fala da jovem Teresinha anteriormente citada mostra perfeitamente essa experiência, ao mesmo tempo que bebo da água viva me torno fonte que jorra para a vida eterna. Disse Jesus: “quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna “ (Jo 4, 14). Convictos dessa certeza não podemos resistir a esse amor, não nos resta outra opção a não ser mergulhar no oceano de misericórdia que brota do Coração de Jesus, e como a Samaritana, dizer: “Senhor, dá-me dessa água...” (Jo 4, 15).        Jesus não cansa de nos esperar e de nos convidar para beber de si, “Se alguém tem sede VENHA A MIM e beba quem crê em mim. Do seu seio como diz a Escritura, manarão rios de água viva. ” (Jo 7, 37-38).
            No alto da Cruz Nosso Senhor também exclamou, “Tenho sede” (Jo 19,28), não de água, mas de nossas almas e do nosso amor. Mesmo sendo onipotente quis se fazer pequeno e mendigar o nosso amor, Ele que se doa por completo também espera de nós um ato de amor. “Eis aí tudo o que Jesus exige de nós. Não precisa de nossas obras, mas unicamente de nosso amor, pois o mesmo Deus [que] declara não ter necessidade de dizer-nos, quando está com fome, não se corre de mendigar um pouco de água à Samaritana. Tinha sede... Mas, quando disse: "dai-me de beber" (Jo 4,7), era o amor de sua pobre criatura que o Criador do Universo reclamava. Tinha sede de amor... Oh! sinto mais do que nunca, Jesus está com sede. Entre os discípulos do mundo, só encontra ingratos e indiferentes; entre seus próprios discípulos, infelizmente, só encontra poucos corações que a Ele se entreguem sem reserva, que compreendam toda a ternura de seu amor infinito ” (Santa Teresinha).
            Que o Senhor em sua infinita caridade derrame sobre nós sua fonte de água viva, para que como resposta também possamos nos tornar canais de seu amor, entregando nossas vidas como oferta e sacrifico ao seu Sacratíssimo Coração sedento de almas.  

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