quinta-feira, 3 de outubro de 2024

ELEIÇÕES MUNICIPAIS: O FUTURO PRESENTE NA URNA

Meus queridos amigos, no próximo domingo, dia 06 de outubro, milhares de pessoas vão às urnas para exercer o seu direito de cidadãos no processo democrático de escolha dos seus representantes políticos no executivo e legislativo municipal para os próximos quatro anos. É preciso assumirmos este ato com extrema responsabilidade, pois, no momento presente que depositamos nosso voto na urna, estamos projetando e assinando a perspectiva do futuro que pode ser boa ou não, dependendo do caráter de nossas escolhas.

            Primeiro, quero refletir com vocês sobre o papel do legislativo municipal, muitas vezes olhamos para os cargos de vereadores sem nos determos a tamanha importância que ele tem para a administração municipal e para o bem de uma cidade. Não podemos votar em alguém apenas por amizade, grau de parentesco, porque a pessoa fez um favor ou simplesmente para que ela “ganhe um emprego”. Ser vereador (a) vai muito além de participar periodicamente de corpo presente das sessões da Câmara municipal, para assumir esse cargo devemos escolher pessoas que realmente sejam capacitadas, pois não basta fazer discursos ideológicos bonitos, mas é preciso conhecimento de causa em quase todas os assuntos que envolvem a municipalidade administrativa de uma cidade.

            As principais funções de um legislador municipal é a de elaborar projetos que contribuam para o desenvolvimento e progresso da cidade, bem como fiscalizar de perto, de maneira justa e honesta a gestão do Executivo, cobrando a aplicação dos direitos dos munícipes, a resolução dos problemas existentes e o cumprimento das leis em geral. Basta de vereadores que passam os quatro anos de seus mandatos se fingindo de cegos para os problemas da cidade e quando é período eleitoral despertam como salvadores da humanidade passando radicalmente de gatinhos inofensivos para leões ferozes. Basta de legisladores que durante o seu mandato não são capazes de elaborar sequer um projeto de lei realmente embasado em direitos e reais necessidades do povo, muitos apenas enchem a secretária da Câmara de requerimentos inúteis tais como nomes de ruas e praças.

            É lamentável saber que nossos vereadores na maioria das vezes não tem conhecimento algum dos números financeiros da gestão pública, não sabem quanto o município recebeu e gastou no mês com Educação, Saúde, Segurança, Bem-estar etc. Não sabem pois infelizmente muitas vezes escolhemos para essa função pessoas sem formação adequada, é vergonhoso saber que muitos dos vereadores que elegemos são analfabetos funcionais, não sabem interpretar um texto, uma lei, um requerimento. Tenho certeza de que se a escolha para vereadores fosse uma prova de conhecimentos gerais e uma redação, muitos dos que são hoje não teriam coragem nem de fazer sua inscrição. Ser vereador não é apenas um emprego, mas sim, um cargo de extrema responsabilidade para a política municipal. 

            Outro fator importante que envolve a vida da Câmara municipal são as figurinhas carimbadas, aqueles nomes que estão há vários mandatos e ainda insistem em permanecer, mas se colocarmos em uma balança o seu real trabalho como legislador, sabemos que não encontraremos grandes resultados, é claro que há exceções e ainda temos bons políticos, mas isso está cada vez mais raro nos nossos dias. Por isso, defendo sempre a possível renovação das Câmaras municipais, precisamos nos libertar dos grupos tidos como “coronéis” dos currais eleitorais, que apenas elegem pessoas para manter tudo como estar, oxalá conseguíssemos renovar pelo menos 70% do legislativo, isso certamente causaria um impacto positivo na gestão pública, e do mesmo modo que ansiamos por mudança de nomes, também desejamos resultados, se a mudança de hoje não produzir bons efeitos, teremos a oportunidade de mais uma vez exercer nosso direito eleitoral no próximo pleito e repensar nossas escolhas.

            Escolher um representante para o Executivo municipal (Prefeito) também é uma tarefa de muita responsabilidade para os eleitores. Muitas vezes nos iludimos com caras bonitas e brancos sorrisos que só aparecem a cada quatro anos, no entanto, ao pensarmos em alguém para assumir uma prefeitura devemos levar em consideração algumas questões primordiais. Em primeiro lugar, assim como para vereadores, para prefeito devemos escolher alguém com capacidade técnica de assumir os desafios administrativos de uma cidade, sei que ninguém se arriscaria de se submeter a uma cirurgia com um médico sem formação e experiência, do mesmo modo, não podemos colocar a cidade nas mãos de um gestor pelo simples fato de se dizer político, pronto e preparado. A vida moral, profissional e formativa conta muito para essa escolha, se já é político de carreira, quais os resultados de sua atuação? Não é incomum encontrarmos políticos que facilmente se vendem em nome dos seus interesses próprios e depois aparecem se fingindo de bonzinhos como se nada tivesse acontecido, muitas vezes surgem candidaturas meramente fantasiosas e para alimentar o próprio ego, como crianças birrentas, batem o pé e quem a todo custo se tornar prefeito, mas sabemos que sua atuação foi infértil e seu projeto não é convincente. Falando em projetos, devemos levar em consideração os projetos de cada um, infelizmente quase nenhum eleitor se ocupa para ler os projetos apresentados pelos candidatos e se o fizermos, vamos perceber que alguns não conseguem apresentar com clareza nenhuma proposta que seja visivelmente eficaz e possível, não basta colocar no papel que vai melhorar a segurança pública, é preciso saber onde e como conseguir os recursos, quais estratégias deverão ser adotadas e dentro do planejamento, quais ações realmente atenderão a demanda municipal.

            Na escolha do novo prefeito (a), devemos pensar também na possibilidade de renovação, não apenas de nomes e partidos, mas também de visões. O sistema político está fatigado do mesmo, daqueles que mudam apenas a cor da camisa em período eleitoral, mas depois comem na mesma panela e arquitetam os mesmos projetos individuais sem pensar no bem comum da população. Nas redes sociais circula um pensamento de autor desconhecido[1] dizendo que “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”, e bem sabemos que isso é verdade, quantas “cagadas” temos que suportar de agentes públicos inexperientes e irresponsáveis, por isso, não devemos correr o risco que manter no poder quem já não foi capaz de fazer naquilo que lhe foi -confiado.

            Por fim, quero lembrar o pensamento do Papa Pio XI (1857-1939) que certa vez escreveu dizendo que “a política é a forma mais perfeita da caridade”, ou seja, ela existe para o bem das pessoas, falamos em caridade tanto em assistência social e garantia dos direitos, como caridade que é amor. Que nossas escolhas estejam pautadas nesse propósito, no bem de todos e não em projetos particulares, meus queridos amigos, rogo que o Bom Deus abençoe cada um de vocês, para que como eleitores conscientes saibam discernir o que é melhor para nossas cidades, rogo também pelos candidatos, para que inundados pelo Espírito Santo, sejam verdadeiros agentes do amor e promotores do bem. Boas eleições para todos!

 

             



[1] Algumas pessoas atribuíram a Eça de Queirós, mas não encontrei nenhuma fonte que realmente atestasse essa afirmação. 


 

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