Primeiro,
quero refletir com vocês sobre o papel do legislativo municipal, muitas vezes
olhamos para os cargos de vereadores sem nos determos a tamanha importância que
ele tem para a administração municipal e para o bem de uma cidade. Não podemos
votar em alguém apenas por amizade, grau de parentesco, porque a pessoa fez um
favor ou simplesmente para que ela “ganhe um emprego”. Ser vereador (a) vai
muito além de participar periodicamente de corpo presente das sessões da Câmara
municipal, para assumir esse cargo devemos escolher pessoas que realmente sejam
capacitadas, pois não basta fazer discursos ideológicos bonitos, mas é preciso
conhecimento de causa em quase todas os assuntos que envolvem a municipalidade
administrativa de uma cidade.
As
principais funções de um legislador municipal é a de elaborar projetos que
contribuam para o desenvolvimento e progresso da cidade, bem como fiscalizar de
perto, de maneira justa e honesta a gestão do Executivo, cobrando a aplicação
dos direitos dos munícipes, a resolução dos problemas existentes e o
cumprimento das leis em geral. Basta de vereadores que passam os quatro anos de
seus mandatos se fingindo de cegos para os problemas da cidade e quando é
período eleitoral despertam como salvadores da humanidade passando radicalmente
de gatinhos inofensivos para leões ferozes. Basta de legisladores que durante o
seu mandato não são capazes de elaborar sequer um projeto de lei realmente
embasado em direitos e reais necessidades do povo, muitos apenas enchem a
secretária da Câmara de requerimentos inúteis tais como nomes de ruas e praças.
É
lamentável saber que nossos vereadores na maioria das vezes não tem
conhecimento algum dos números financeiros da gestão pública, não sabem quanto
o município recebeu e gastou no mês com Educação, Saúde, Segurança, Bem-estar
etc. Não sabem pois infelizmente muitas vezes escolhemos para essa função
pessoas sem formação adequada, é vergonhoso saber que muitos dos vereadores que
elegemos são analfabetos funcionais, não sabem interpretar um texto, uma lei,
um requerimento. Tenho certeza de que se a escolha para vereadores fosse uma
prova de conhecimentos gerais e uma redação, muitos dos que são hoje não teriam
coragem nem de fazer sua inscrição. Ser vereador não é apenas um emprego, mas
sim, um cargo de extrema responsabilidade para a política municipal.
Outro
fator importante que envolve a vida da Câmara municipal são as figurinhas
carimbadas, aqueles nomes que estão há vários mandatos e ainda insistem em
permanecer, mas se colocarmos em uma balança o seu real trabalho como
legislador, sabemos que não encontraremos grandes resultados, é claro que há
exceções e ainda temos bons políticos, mas isso está cada vez mais raro nos
nossos dias. Por isso, defendo sempre a possível renovação das Câmaras
municipais, precisamos nos libertar dos grupos tidos como “coronéis” dos
currais eleitorais, que apenas elegem pessoas para manter tudo como estar,
oxalá conseguíssemos renovar pelo menos 70% do legislativo, isso certamente
causaria um impacto positivo na gestão pública, e do mesmo modo que ansiamos
por mudança de nomes, também desejamos resultados, se a mudança de hoje não
produzir bons efeitos, teremos a oportunidade de mais uma vez exercer nosso
direito eleitoral no próximo pleito e repensar nossas escolhas.
Escolher
um representante para o Executivo municipal (Prefeito) também é uma tarefa de
muita responsabilidade para os eleitores. Muitas vezes nos iludimos com caras
bonitas e brancos sorrisos que só aparecem a cada quatro anos, no entanto, ao
pensarmos em alguém para assumir uma prefeitura devemos levar em consideração
algumas questões primordiais. Em primeiro lugar, assim como para vereadores,
para prefeito devemos escolher alguém com capacidade técnica de assumir os
desafios administrativos de uma cidade, sei que ninguém se arriscaria de se
submeter a uma cirurgia com um médico sem formação e experiência, do mesmo
modo, não podemos colocar a cidade nas mãos de um gestor pelo simples fato de
se dizer político, pronto e preparado. A vida moral, profissional e formativa
conta muito para essa escolha, se já é político de carreira, quais os
resultados de sua atuação? Não é incomum encontrarmos políticos que facilmente
se vendem em nome dos seus interesses próprios e depois aparecem se fingindo de
bonzinhos como se nada tivesse acontecido, muitas vezes surgem candidaturas
meramente fantasiosas e para alimentar o próprio ego, como crianças birrentas,
batem o pé e quem a todo custo se tornar prefeito, mas sabemos que sua atuação
foi infértil e seu projeto não é convincente. Falando em projetos, devemos
levar em consideração os projetos de cada um, infelizmente quase nenhum eleitor
se ocupa para ler os projetos apresentados pelos candidatos e se o fizermos,
vamos perceber que alguns não conseguem apresentar com clareza nenhuma proposta
que seja visivelmente eficaz e possível, não basta colocar no papel que vai
melhorar a segurança pública, é preciso saber onde e como conseguir os
recursos, quais estratégias deverão ser adotadas e dentro do planejamento, quais
ações realmente atenderão a demanda municipal.
Na
escolha do novo prefeito (a), devemos pensar também na possibilidade de
renovação, não apenas de nomes e partidos, mas também de visões. O sistema
político está fatigado do mesmo, daqueles que mudam apenas a cor da camisa em
período eleitoral, mas depois comem na mesma panela e arquitetam os mesmos
projetos individuais sem pensar no bem comum da população. Nas redes sociais
circula um pensamento de autor desconhecido[1]
dizendo que “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo
mesmo motivo”, e bem sabemos que isso é verdade, quantas “cagadas” temos que
suportar de agentes públicos inexperientes e irresponsáveis, por isso, não
devemos correr o risco que manter no poder quem já não foi capaz de fazer
naquilo que lhe foi -confiado.
Por
fim, quero lembrar o pensamento do Papa Pio XI (1857-1939) que certa vez
escreveu dizendo que “a política é a
forma mais perfeita da caridade”, ou seja, ela existe para o bem das
pessoas, falamos em caridade tanto em assistência social e garantia dos
direitos, como caridade que é amor. Que nossas escolhas estejam pautadas nesse
propósito, no bem de todos e não em projetos particulares, meus queridos
amigos, rogo que o Bom Deus abençoe cada um de vocês, para que como eleitores
conscientes saibam discernir o que é melhor para nossas cidades, rogo também
pelos candidatos, para que inundados pelo Espírito Santo, sejam verdadeiros
agentes do amor e promotores do bem. Boas eleições para todos!
[1] Algumas pessoas atribuíram a Eça de Queirós,
mas não encontrei nenhuma fonte que realmente atestasse essa afirmação.