“Pilatos procurava
libertá-lo. Mas os judeus gritavam: “ Se soltas esse homem não és amigo de
Cesar! Todo aquele que se faz rei opõe-se a Cesar!” Ouvindo tais palavras,
Pilatos levou Jesus para fora, fê-lo sentar-se no tribunal, no lugar chamado
pavimento, em hebraico Gábata. Era dia da preparação da Páscoa, perto da sexta
hora. Disse Pilatos aos judeus: “Eis o vosso rei!” Eles gritaram: “À morte! À
morte! Crucifica-o!” Disse-lhes Pilatos: “Crucificarei vosso rei?” Os chefes
dos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei a não ser Cesar!” Então
Pilatos o entregou para ser crucificado.” (Jo 19, 12-16).
Iniciamos a meditação do sagrado
caminho do Calvário que também nos leva até a glória da Ressureição.
Injustamente Nosso Senhor Jesus Cristo é sentenciado a uma morte cruel, a mais
terrível condenação daqueles dias, Ele foi traído, preso e entregue aos seu
algozes acusado de blasfêmia e de autoproclamar-se rei, mas Jesus é de fato o
enviado por Deus Pai, é Filho de Deus, o Messias esperado pelas nações, o
Cristo que vem salvar nossa humanidade pecadora. Ele é Rei, não dos poderes
terrenos, mas de toda autoridade concedida pelo Pai. Tendo-se encarnado no seio
virginal de Maria Santíssima, Jesus como ser humano se submete às leis deste
mundo, mesmo sendo Deus, deixa-se ser condenado como sinal de obediência ao
Projeto Salvífico do Pai, “[...] se
possível, afasta de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como
tu queres [...]”[1],
com Jesus aprendemos a lição da obediência a Deus, mesmo diante das
dificuldades, mesmo que a cruz nos pareça inevitável e pesada demais para nossa
frágil condição, é preciso aceitar a vontade de Deus, pois o seu divino projeto
é maior do que as nossas aspirações.
Percebemos
também Pilatos pressionado pela vontade daqueles que se diziam representantes
de Deus, covardemente ele lava suas mãos esquivando-se da culpa de tão grave
erro. Também nós às vezes somos influenciados por outras vozes, e ao invés de
ouvirmos a Palavra de Deus preferimos seguir o fluxo de certa maioria, muitas
vezes não temos coragem de enfrentar o sistema para defender a verdade
simplesmente com medo de sermos excluídos de nossas posições sociais e cargos
que ocupamos, muitas vezes somos também como os fariseus e pensamos ser “donos
de Deus”, portadores exclusivos da voz do Altíssimo, muitas vezes são somente
as nossas vontades e não a Palavra de Deus que grita em nossos lábios e ações.
Essa
estação também nos proporciona refletirmos sobre como é nossa relação com os
nossos irmãos, vivemos em uma sociedade promotora de indivíduos autossuficientes,
pessoas incapazes de ouvir o outro e compreender sua história e limitações,
facilmente condenamos os outros como se fossem os piores pecadores do mundo, na
primeira oportunidades gritamos “crucifica-o” sem nos importamos com a verdade, tudo isso
apenas para satisfazer nossa ilusão de que somos melhores que aqueles que
condenamos. Não é incomum também agirmos como Pilatos quando descobrimos que o
acusado é inocente, a força que tivemos para condenar não é a mesa mesma para
pedir desculpas e reparar nosso erro, preferimos lavar nossas mãos e sermos
indiferentes com aqueles que injustamente condenamos, sobretudo, porque mesmo
que alguém seja culpado por algo, todos nós temos nossas fragilidades e “aquele que não tiver pecado seja o primeiro
a atira-lhe uma pedra”[2],
o caminho do Calvário é caminho do perdão, Jesus tomou sobre si nossos pecados[3]
para nos lavar com seu Sangue precioso, devemos aprender com Ele que até no
alto da cruz soube perdoar aqueles que lhe perseguiam[4].
Oremos
pedindo ao Bom Jesus perdão pelas vezes que o condenamos em nossos irmãos e
também pelas vezes que pecando somos indiferentes ao seu Santo Sacrifício na
cruz, que esses sagrados mistérios transformem nossas vidas para que sejamos
pessoas promotoras do perdão e não de condenação. Nós vos adoramos, Senhor
Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.
[1] Mt 26,39.
[2] Jo 8, 7.
[3] Is 53, 4.
[4] Lc 23,34.
Fonte da imagem: Pin em interior design and art
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