“Grande multidão do povo o seguia, como também mulheres que batiam no peito e se lamentavam por causa dele. Jesus, porém, voltou-se para elas a disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Pois eis que virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, as entranhas que nunca conceberam e os seis que não amamentaram! Então começaram a dizer às montanhas: Caí sobre nós! E as colinas: Cobri-nos! Por que se fazem assim com o lenho verde, o que acontecerá com o seco? ” (Lc 23, 27-31).
Olhando para as mulheres da via sacra, mais uma vez contemplamos a piedade cristã, compadecer-se dos que sofrem e chorar com os que choram é uma nobre atitude de santidade. As mulheres ocupam um lugar muito especial na Igreja, sejam elas religiosas consagradas ou leigas. Ao longo da nossa história tantas se destacaram pelo seu testemunho de vida e espiritualidade, A Virgem Maria, Joana d’Arc, Josefina Bakita, Teresa de Calcutá, Teresa de Jesus, Teresinha do Menino Jesus, Santa Clara, Santa Dulce... Não foi diferente na vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, nos evangelhos encontramos inúmeros relatos da presença feminina ao lado do Divino Mestre, elas patrocinavam o ministério do Nazareno e o serviam com amor e dedicação.
Olhando para as mulheres que seguiam Jesus no caminho do Calvário percebemos que além dos inimigos, também pessoas boas estavam ao lado do Senhor no seu momento de agonia e sofrimento. É importante destacarmos a coragem dessas mulheres que choram, tendo em vista que segundo as tradições judaicas era proibido chorar pelos condenados à morte. Meditando essa passagem Santa Teresinha escreveu o seguinte: “Ah! Pobres mulheres, como são desprezadas! ... Contudo, elas amam a Deus em número bem maior do que os homens, e durante a Paixão de Nosso Senhor, as mulheres tiveram mais coragem do que os Apóstolos, pois enfrentaram os insultos dos soldados e ousaram enxugar a Face adorável de Jesus...” São elas que em todas as cenas da Paixão se destacam por piedade e amor a nosso Senhor. Oxalá aprendamos com essas santas mulheres que independente das condições e de nossa posição, sempre devemos enfrentar os obstáculos e superar certas “tradições” para permanecermos ao lado do Senhor e lhe oferecer o nosso choro sincero.
Jesus que sempre viveu em total oblação de amor não retém para si o choro das mulheres, mas espiritualmente ele transforma essas lágrimas em caminho de purificação dos pecados do seu povo, “filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos…” a condição humana é tão frágil que necessita da misericórdia de Deus, por isso o amor que devotamos a Deus ele reverte para nós para que sejamos salvos e amparados em nossas misérias físicas e espirituais. Apesar de todo o seu sofrimento, nosso Senhor não esquece do seu povo e aquelas que desejavam consolar Jesus é que foram consoladas pelo mais terno amor.
Chorar por nós mesmos não significa sermos egocêntricos e egoístas pensando somente em nós, mas o que Jesus quer dizer é que devemos repensar nossas atitudes e chorar nossas falhas num processo de verdadeira conversão, pois na passagem bíblica o lenho verde representa o justo e inocente, por outro lado, o seco é o pecador e culpável, se com Cristo (lenho verde) o mundo fez assim, imagine conosco (lenho seco) como seremos tratados, choremos nossa pequenez e nos coloquemos nas mãos do Senhor que é bondoso e compassivo.
No caminho do Calvário somente as mulheres acompanharam e consolaram Jesus, devemos aprender com elas a sermos consoladores uns com os outros, a chorar com os que choram para que também possamos nos alegrar com os que se alegram.
Oremos por todas as mulheres que sofrem vítimas da violência doméstica, descriminação de gênero ou outros males. Que dos exemplos das santas mulheres busquemos viver a castidade, serviço, fé e amor com que consagraram suas vidas a Deus. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.
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