No dia 2 de fevereiro
celebramos a festa da APRESENTAÇÃO DO SENHOR, quando recordamos a Virgem Maria
e São José que cumprindo o preceito judaico levam o Menino Jesus para ser
apresentado no Templo conforme o costume. Também neste dia em muitos lugares é venerada
a Virgem Santíssima com o título de Nossa Senhora da Luz ou Nossa Senhora das
Candeias como é bastante conhecida no nordeste brasileiro.
Esta festa está intimamente ligada às celebrações do
Natal do Senhor, embora já não estejamos no tempo litúrgico do Natal, mas a
liturgia deste dia nos lembra que Jesus é a luz divina que veio iluminar as
trevas da humanidade. “A data escolhida para a festa da apresentação pela Igreja
de Jerusalém foi, a princípio, 15 de fevereiro, 40 dias depois do nascimento de
Jesus, então o Oriente celebrava a 6 de janeiro, em conformidade com a lei
hebraica, que impunha esse espaço de tempo entre o nascimento de um menino e a
purificação de sua mãe. Quando nos séculos VI e VII, a festa se estendeu ao
Ocidente, foi antecipada para 2 de fevereiro, porque o nascimento de Jesus era
celebrado a 25 de dezembro[1]”.
No livro da profecia de Malaquias (3, 1-4) vemos o anúncio
do “dia do Senhor”, um prenúncio da chegada do messias que vem como verdadeiro
e único sacerdote para oferecer um sacrifício agradável a Deus em favor do
povo. A chegada de Jesus inaugura um tempo novo e sua apresentação no templo
marca uma nova liturgia, pois também de acordo com as profecias de Jeremias
(31, 31-34) ele vem para renovar a aliança entre Deus e seu povo através de um
purificação dos corações.
Ao ser apresentado no tempo cumprindo os preceitos de sua
época, sendo sujeito à lei como todas as pessoas, a carta aos Hebreus (2,
14-18) nos recorda que Jesus também participou de nossa condição humana para assim
destruir a morte, ou seja, sua presença em nosso meio é luz que ilumina as
nossas trevas. Quando vivemos no pecado estamos na escuridão e amarrados na
morte pelo diabo, mas Jesus com sua vida, paixão, Morte e Ressurreição nos
libertou das amarras do antigo inimigo. Como em outrora era o sumo-sacerdote
que oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, Jesus o novo e eterno
sumo-sacerdote oferece um só sacrifício em expiação dos nossos pecados.
A narração da apresentação do Menino Jesus no templo descrita
por Lucas (2 ,22-40) traz muitos elementos que enriquecem nossa reflexão,
primeiro destacamos a obediência da Sagrada Família de Nazaré ao cumprir a Lei
de Moisés que previa a purificação da mãe e a apresentação do primogênito. De
acordo com o livro de Levítico ( 12, 2-8) quando uma mulher dava à luz a uma
criança, seja menino ou menina ela se tornava impura e deveria cumprir um
período de purificação que se encerrava com a apresentação da criança no templo
e com a oferta de sacrifícios no rito de expiação. A tradição cristã nos ensina
que a Virgem Maria permaneceu pura mesmo depois do parto, mas sujeitos à lei,
eles foram obedientes aos preceitos religiosos.
A ida ao tempo também tem um sentido místico na vida de
Jesus, pois conforme indica o livro do Êxodo (13, 2.12-13) todo primogênito
pertence a Deus e deveria a Ele ser consagrado para dedicar-se ao culto Divino.
Na pessoa de Jesus se cumpre a profecia daquele que seria o grande sacerdote,
único mediador entre Deus e os homens[2].
O velho Simeão representa a humanidade que esperava pelo Salvador, uma luz para
iluminar os povos, ele é a Consolação de Israel. Maria e José mesmo sabendo que
traziam em seus braços o Filho de Deus, ficavam admirados com todas as coisas
que falavam a respeito do menino, com eles aprendemos o verdadeiro sentido da
obediência, pois muitas vezes, mesmo sem entender eles aceitavam e guardavam no
coração até mesmo quando a profecia parecia ser dura demais, como uma espada a
transpassar a alma. Esse episódio tão ligado a festa do Natal também faz
referência a Paixão de morte de Jesus, ele que com sua vida foi contradição
para muitos religiosos de sua época, também compartilhou com o Imaculado
Coração de sua mãe as dores do seu Sagrado Coração por amor a todos nós.
Assim como Simeão, a profetisa Ana que não se afastava do
templo e podemos pensar além da estrutura física, Simeão e Ana não se afastavam
de Deus e somente quando estamos juntos d’Ele é que podemos contemplar a
Salvação, somente servindo ao Senhor nossos olhos se enchem de luz, a
verdadeira luz que ilumina as trevas das nossas vidas. A figura desses dois
anciãos no templo como servidores do Senhor também nos recorda todos os homens
e mulheres que consagraram suas vidas como religiosos para o Reino de Deus, são
freis (irmãos), freiras (irmãs), sacerdotes e leigos que fizeram a opção de
viver mais intensamente os conselhos evangélicos de obediência, pobreza e castidade,
seguindo o exemplo do divino mestre, se colocando a serviço de Deus e dos
irmãos sobretudo na caridade, como sal da terra e luz do mundo[3].
Segundo Santo Aníbal Maria, “a vocação religiosa – vede que graça! – não é
dada a todos! É sinal de predestinação. Depois do Santo Batismo é a maior graça
que Deus pode conceder a uma alma. Graça da sua pura bondade!” São homens e
mulheres escolhidos por Deus para serem transmissores de Jesus, a luz que
ilumina as nossas vidas, rezemos pelas vocações religiosas, para que o Senhor
da messe e Pastor do Rebanho se digne enviar numerosos e santos operários para
à sua messe. Assim seja!