sábado, 1 de fevereiro de 2025

LUZ QUE ILUMINA AS NOSSAS VIDAS

No dia 2 de fevereiro celebramos a festa da APRESENTAÇÃO DO SENHOR, quando recordamos a Virgem Maria e São José que cumprindo o preceito judaico levam o Menino Jesus para ser apresentado no Templo conforme o costume. Também neste dia em muitos lugares é venerada a Virgem Santíssima com o título de Nossa Senhora da Luz ou Nossa Senhora das Candeias como é bastante conhecida no nordeste brasileiro.

            Esta festa está intimamente ligada às celebrações do Natal do Senhor, embora já não estejamos no tempo litúrgico do Natal, mas a liturgia deste dia nos lembra que Jesus é a luz divina que veio iluminar as trevas da humanidade. “A data escolhida para a festa da apresentação pela Igreja de Jerusalém foi, a princípio, 15 de fevereiro, 40 dias depois do nascimento de Jesus, então o Oriente celebrava a 6 de janeiro, em conformidade com a lei hebraica, que impunha esse espaço de tempo entre o nascimento de um menino e a purificação de sua mãe. Quando nos séculos VI e VII, a festa se estendeu ao Ocidente, foi antecipada para 2 de fevereiro, porque o nascimento de Jesus era celebrado a 25 de dezembro[1]”.

            No livro da profecia de Malaquias (3, 1-4) vemos o anúncio do “dia do Senhor”, um prenúncio da chegada do messias que vem como verdadeiro e único sacerdote para oferecer um sacrifício agradável a Deus em favor do povo. A chegada de Jesus inaugura um tempo novo e sua apresentação no templo marca uma nova liturgia, pois também de acordo com as profecias de Jeremias (31, 31-34) ele vem para renovar a aliança entre Deus e seu povo através de um purificação dos corações.

            Ao ser apresentado no tempo cumprindo os preceitos de sua época, sendo sujeito à lei como todas as pessoas, a carta aos Hebreus (2, 14-18) nos recorda que Jesus também participou de nossa condição humana para assim destruir a morte, ou seja, sua presença em nosso meio é luz que ilumina as nossas trevas. Quando vivemos no pecado estamos na escuridão e amarrados na morte pelo diabo, mas Jesus com sua vida, paixão, Morte e Ressurreição nos libertou das amarras do antigo inimigo. Como em outrora era o sumo-sacerdote que oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, Jesus o novo e eterno sumo-sacerdote oferece um só sacrifício em expiação dos nossos pecados.

            A narração da apresentação do Menino Jesus no templo descrita por Lucas (2 ,22-40) traz muitos elementos que enriquecem nossa reflexão, primeiro destacamos a obediência da Sagrada Família de Nazaré ao cumprir a Lei de Moisés que previa a purificação da mãe e a apresentação do primogênito. De acordo com o livro de Levítico ( 12, 2-8) quando uma mulher dava à luz a uma criança, seja menino ou menina ela se tornava impura e deveria cumprir um período de purificação que se encerrava com a apresentação da criança no templo e com a oferta de sacrifícios no rito de expiação. A tradição cristã nos ensina que a Virgem Maria permaneceu pura mesmo depois do parto, mas sujeitos à lei, eles foram obedientes aos preceitos religiosos.

            A ida ao tempo também tem um sentido místico na vida de Jesus, pois conforme indica o livro do Êxodo (13, 2.12-13) todo primogênito pertence a Deus e deveria a Ele ser consagrado para dedicar-se ao culto Divino. Na pessoa de Jesus se cumpre a profecia daquele que seria o grande sacerdote, único mediador entre Deus e os homens[2]. O velho Simeão representa a humanidade que esperava pelo Salvador, uma luz para iluminar os povos, ele é a Consolação de Israel. Maria e José mesmo sabendo que traziam em seus braços o Filho de Deus, ficavam admirados com todas as coisas que falavam a respeito do menino, com eles aprendemos o verdadeiro sentido da obediência, pois muitas vezes, mesmo sem entender eles aceitavam e guardavam no coração até mesmo quando a profecia parecia ser dura demais, como uma espada a transpassar a alma. Esse episódio tão ligado a festa do Natal também faz referência a Paixão de morte de Jesus, ele que com sua vida foi contradição para muitos religiosos de sua época, também compartilhou com o Imaculado Coração de sua mãe as dores do seu Sagrado Coração por amor a todos nós.

            Assim como Simeão, a profetisa Ana que não se afastava do templo e podemos pensar além da estrutura física, Simeão e Ana não se afastavam de Deus e somente quando estamos juntos d’Ele é que podemos contemplar a Salvação, somente servindo ao Senhor nossos olhos se enchem de luz, a verdadeira luz que ilumina as trevas das nossas vidas. A figura desses dois anciãos no templo como servidores do Senhor também nos recorda todos os homens e mulheres que consagraram suas vidas como religiosos para o Reino de Deus, são freis (irmãos), freiras (irmãs), sacerdotes e leigos que fizeram a opção de viver mais intensamente os conselhos evangélicos de obediência, pobreza e castidade, seguindo o exemplo do divino mestre, se colocando a serviço de Deus e dos irmãos sobretudo na caridade, como sal da terra e luz do mundo[3]. Segundo Santo Aníbal Maria, “a vocação religiosa – vede que graça! – não é dada a todos! É sinal de predestinação. Depois do Santo Batismo é a maior graça que Deus pode conceder a uma alma. Graça da sua pura bondade!” São homens e mulheres escolhidos por Deus para serem transmissores de Jesus, a luz que ilumina as nossas vidas, rezemos pelas vocações religiosas, para que o Senhor da messe e Pastor do Rebanho se digne enviar numerosos e santos operários para à sua messe. Assim seja!



[1] Missal dominical da Assembleia Cristã, PAULUS, 1995, p. 1309.

[2] 1 Timóteo 2, 5-6.

[3] Mateus 5, 13-14.

Fonte da imagem: https://br.pinterest.com/pin/13370130137954946/ 

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