segunda-feira, 14 de abril de 2025

9ª ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ


“Mas ele foi transpassado por nossas transgressões, esmagado por causa de nossas iniquidades. O castigo que havia de nos trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados. Todos nós como ovelhas andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas o Senhor  fez cai sobre ele a iniquidade de todos nós.” (Is 53, 6-7)
 

Nesta terceira queda vamos contemplar as feridas e chagas de nosso Senhor, além de todo sofrimento emocional e social sofrido por Jesus, inenarrável é o seu sofrimento físico. Às vezes olhamos para um crucifixo com fortes características da Paixão e até ficamos emocionados, mas por mais representado que esteja em uma imagem, não conseguimos ter a real noção do quanto chagado ficou o Bom Jesus.

O flagelo que sofrido antes de começar a carregar a cruz foi momento de diversão para os algozes, não batiam em Jesus simplesmente como quem castiga um criminoso, segundo as leis da época, batiam em Jesus pelo puro prazer de destruição e derramamento de sangue do inocente Cordeiro. 

As dores físicas de Jesus também estão associadas às nossas dores que a fragilidade humana nos permite vivenciar. Tantas pessoas sofrem com enfermidades cruéis que destroem a dignidade humana, muitas sofrem mais ainda pela impossibilidade de tratamento digno na rede pública de saúde ou pela falta de recursos financeiros que permitam uma melhor assistência.

Muitas pessoas na sua consciência cristã associam suas dores ao sofrimento redentor de Jesus na Cruz e fazem de sua noite escura um caminho de santidade, oferecendo o próprio padecimento como holocasuto de amor a exemplo de Jesus. Mas também algumas pessoas que na ausência da iluminação da fé  olham para suas enfermidades como castigo e maldição e se revoltam com Deus pelo que tem vivido, sobretudo quando não recebem a cura esperada. 

Além das dores físicas causadas pelas enfermidades, também tem aqueles que sofrem vítimas da fome, acidentes, violência, catástrofes climáticas e outras coisas que podem afetar nosso corpo. Todas essas dores não são exclusivas a nossa condição humana, pois divinamente elas estão marcadas nas chagas do Servo Sofredor, que quis tomar sobre as nossas dores e enfermidades (Is 53, 4-5) e foi por suas chagas que somos curados de todos os males que nos acometem o cotidiano da vida. 

Pelas chagas de Cristo somos salvos/curados, mas não devemos pensar apenas em cura física, que também pode acontecer, pois para Deus nada é impossível (Lc 1,37; Mt 17,20), no entanto, olhemos para a cura da pessoa como o Ser em sua integridade, as dores do corpo também podem ser remédio para alma e nos aproximar de Deus através associação com os sofrimentos de Jesus, que nossos sofrimentos não sejam causa de revolta e murmuração, mas sirvam como degraus da escada que nos leva para o céu.

Todo o sofrimento de Nosso Senhor foi para nos redimir de nossos pecados, ele carregou sobre seus ombros nossas iniquidades e enfermidades. A cruz era nossa, mas Deus em sua infinita misericórdia permitiu que seu Filho Unigênito a carregasse, as dores sofridas por Jesus são as primícias do santo sacrifício para a salvação da humanidade.

Oremos para que sejamos libertos de toda escravidão do pecado, e que pelas santas Chagas de Cristo sejamos curados de nossas enfermidades físicas, espiritual e psicológicas. Pelo preciosíssimo sangue de Jesus voltemos para o Pai como um só rebanho guiado pelo supremo Pastor.  Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.


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domingo, 13 de abril de 2025

8ª ESTAÇÃO – JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALÉM


 “Grande multidão do povo o seguia, como também mulheres que batiam no peito e se lamentavam por causa dele. Jesus, porém, voltou-se para elas a disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Pois eis que virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, as entranhas que nunca conceberam e os seis que não amamentaram! Então começaram a dizer às montanhas: Caí sobre nós! E as colinas: Cobri-nos! Por que se fazem assim com o lenho verde, o que acontecerá com o seco? ” (Lc 23, 27-31).

Olhando para as mulheres da via sacra, mais uma vez contemplamos a piedade cristã, compadecer-se dos que sofrem e chorar com os que choram é uma nobre atitude de santidade. As mulheres ocupam um lugar muito especial na Igreja, sejam elas religiosas consagradas ou leigas. Ao longo da nossa história tantas se destacaram pelo seu testemunho de vida e espiritualidade, A Virgem Maria, Joana d’Arc, Josefina Bakita, Teresa de Calcutá, Teresa de Jesus, Teresinha do Menino Jesus, Santa Clara, Santa Dulce... Não foi diferente na vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, nos evangelhos encontramos inúmeros relatos da presença feminina ao lado do Divino Mestre, elas patrocinavam o ministério do Nazareno e o serviam com amor e dedicação.

Olhando para as mulheres que seguiam Jesus no caminho do Calvário percebemos que além dos inimigos, também pessoas boas estavam ao lado do Senhor no seu momento de agonia e sofrimento. É importante destacarmos a coragem dessas mulheres que choram, tendo em vista que segundo as tradições judaicas era proibido chorar pelos condenados à morte. Meditando essa passagem Santa Teresinha escreveu o seguinte: “Ah! Pobres mulheres, como são desprezadas! ... Contudo, elas amam a Deus em número bem maior do que os homens, e durante a Paixão de Nosso Senhor, as mulheres tiveram mais coragem do que os Apóstolos, pois enfrentaram os insultos dos soldados e ousaram enxugar a Face adorável de Jesus...” São elas que em todas as cenas da Paixão se destacam por piedade e amor a nosso Senhor. Oxalá aprendamos com essas santas mulheres que independente das condições e de nossa posição, sempre devemos enfrentar os obstáculos e superar certas “tradições” para permanecermos ao lado do Senhor e lhe oferecer o nosso choro sincero. 

Jesus que sempre viveu em total oblação de amor não retém para si o choro das mulheres, mas espiritualmente ele transforma essas lágrimas em caminho de purificação dos pecados do seu povo, “filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos…” a condição humana é tão frágil que necessita da misericórdia de Deus, por isso o amor que devotamos a Deus ele reverte para nós para que sejamos salvos e amparados em nossas misérias físicas e espirituais. Apesar de todo o seu sofrimento, nosso Senhor não esquece do seu povo e aquelas que desejavam consolar Jesus é que foram consoladas pelo mais terno amor. 

Chorar por nós mesmos não significa sermos egocêntricos e egoístas pensando somente em nós, mas o que Jesus quer dizer é que devemos repensar nossas atitudes e chorar nossas falhas num processo de verdadeira conversão, pois na passagem bíblica o lenho verde representa o justo e inocente, por outro lado,  o seco é o pecador e culpável, se com Cristo (lenho verde) o mundo fez assim, imagine conosco (lenho seco) como seremos tratados, choremos nossa pequenez e nos coloquemos nas mãos do Senhor que é bondoso e compassivo. 

No caminho do Calvário somente as mulheres acompanharam e consolaram Jesus, devemos aprender com elas a sermos consoladores uns com os outros, a chorar com os que choram para que também possamos nos alegrar com os que se alegram. 

 Oremos por todas as mulheres que sofrem vítimas da violência doméstica, descriminação de gênero ou outros males. Que dos exemplos das santas mulheres busquemos viver a castidade, serviço, fé e amor com que consagraram suas vidas a Deus.  Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo. 

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Fonte da imagem:

sábado, 12 de abril de 2025

7ª ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ


 “Após a detenção e julgamento, foi preso. Dentre os contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo? Mas o Senhor quis esmaga-lo pelo sofrimento. Porém, se ele oferece a sua vida como sacrifício expiatório, certamente verá uma descendência, prolongará seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus triunfará.” (Is 53, 8.10) 

O caminho para o calvário é longo e o peso da cruz e de nossos pecados aumentam os sofrimentos de nosso Senhor. Mais uma vez Jesus vai ao chão, sucumbe para redimir a humanidade. O Profeta Isaías nos apresenta aquele que é desprezado. Essa segunda queda de Jesus representa para nós as quedas afetivas que sofremos na vida, tantas vezes somos desprezados e humilhados até mesmo por aqueles que queremos bem, com o Cristo não foi diferente, também seus amigos foram embora, no momento de dor e sofrimento ele estava sozinho carregando sua cruz. Que dor e desolação! A Sagrada Escritura mostra que Jesus se oferece em sacrifício de expiação por nossas faltas e pela cruz reabilita nossa relação com Deus.

Essa segunda queda de Jesus também pode nos representar a força interior que vem de Deus e que nos ajuda a continuar nossa caminhada apesar das quedas, fraquezas e dificuldades. Ele estava tão cansado e machucado que precisou da ajuda de Simão e das doces mãos de Verônica para lhe secar o rosto, mesmo com esse auxílio suas forças parecem desaparecer e Jesus mais uma vez cai por terra. No entanto, Ele não permanece caído, mais uma vez se levanta e segue seu caminho, imagino que na euforia daqueles que acompanhavam esse doloroso trajeto talvez não compreendessem como Ele poderia ainda ter forças para enfrentar o Calvário, mas não podemos negar que tais méritos não são apenas da condição humana de Jesus, era preciso fazer a vontade do Pai e quando agirmos segundo os desejos de Deus conseguimos enfrentar os desafios por mais dolorosos que eles sejam. 

Oremos por todos aqueles que se sentem sozinhos e abandonados, principalmente pelos que sofrem com a depressão e todo tipo de doença psíquica. Que o Sacrifício de Nosso Senhor perdoe os nossos pecados e transforme nossa vida em instrumento do amor de Deus. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

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Fonte da imagem: Station VII: Jesus falls a second time 

 


sexta-feira, 11 de abril de 2025

6ª ESTAÇÃO – VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS

 


“Não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens, homem sujeito à dor, familiarizado com o sofrimento, como pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado não fazíamos caso nenhum dele. ” (Is 53, 2-3)

A Sagrada Tradição nos ensina que no caminho do calvário, uma das tantas mulheres piedosas que seguiam Jesus se aproximou para enxugar seu rosto. Jesus estava marcado de feridas, suor, sangue, poeira, cusparadas e tudo isso fez com que seu rosto ficasse estampado no pano. O nome “Verônica” significa “imagem verdadeira”, por isso a Igreja atribuiu a essa mulher tal nome, aquela que em seu pano nos apresenta a verdadeira imagem do rosto de Cristo. Na profecia de Isaías que lemos acima vemos que o profeta já anuncia quão desfigurado ficaria o servo sofredor, Jesus estava tão machucado e deformado, todo chagado era uma só ferida. 

Existe uma devoção muito antiga a Santa Face de Jesus, olhar para o rosto sofredor de nosso Senhor é olhar para sua divindade que quis se fazer humanidade como nós. Todo o sofrimento estampado em seu rosto é prova de amor por todos aqueles que o Pai lhe confiou (Mt 11,27; Jo 6,37), Jesus revelou a mística Irmã Maria Pierina que “toda vez que alguém contemplar a Minha Face, derramarei o meu amor nos seus corações”, certamente foi assim que se sentiu aquela mulher no caminho do Calvário quando aflita e piedosamente secou o rosto do mestre ensanguentado. Verônica sentiu em seu coração ser derramado um oceano de amor que brota do Coração do próprio Jesus.  

Assim como Simão de Cirene, Verônica também representa aquelas que pessoas que se compadecem das dores e sofrimentos dos irmãos e irmãs, somos convidados nesta reflexão a assumir o ministério da caridade que seca a face fatigada daqueles que sofrem. É admirável a coragem daquela mulher que enfrenta a multidão e também os soldados para se aproximar do condenado e tocar seu rosto, certamente ela foi várias vezes repreendida, mas não se deixou vencer pelo medo e com suas mãos tocou o sofrimento do outro. 

Hoje também podemos contemplar o Rosto sofredor, a Face ensanguentada de Jesus que está na feição cansada e triste de tantas pessoas, existem aqueles que sofrem por causa da fome, da violência, das enfermidades e catástrofes naturais, mas não podemos esquecer os rostos ensanguentados dos sofredores por causa espiritual, psíquica e afetiva. Não são rostos apenas cobertos de sangue e poeira, mas também de lágrimas que expressam a grande dor dos seus corações, precisamos aprender a secar as lágrimas uns dos outros, precisamos ser verônicas na vida dos outros do mesmo modo que tantas vezes necessitamos de um cireneu para nos ajudar a carregar a cruz. 

Oremos para que assim como Verônica nós também tenhamos coragem de nos aproximar daqueles que sofrem, sem medo ou receios possamos enxugar o rosto dos irmãos que choram e sangram. Que Jesus nos conceda a graça de contemplar sua Sagrada Face, e o reconhecer naqueles que hoje padecem. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo. 

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Fonte da imagem:

quinta-feira, 10 de abril de 2025

5ª ESTAÇÃO – SIMÃO CARREGA A CRUZ DE JESUS

 

“Enquanto o levavam, tomaram certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e impuseram-lhe a cruz para levá-la atrás de Jesus.” (Mc 15, 21)

Os soldados sabiam que Jesus estava muito machucado e tão fraco que possivelmente não conseguiria carregar a cruz até o fim. Eles obrigam a Simão a carregar a cruz, é interessante que nesse episódio o cireneu não o faz de boa vontade, mas porque é obrigado. Sem a forçada ajuda Jesus não teria forças para continuar, assim também somos nós, muitas vezes precisamos da ajuda de um irmão para que possamos continuar nosso peregrinar. Do mesmo modo, em tantas ocasiões precisamos ser uma mão que ajuda aqueles que precisam de um apoio no meio das dificuldades.

Diante de tudo o que Jesus sofreu, essa ajuda do cireneu parece se perder dentro da dimensão do sofrimento, não estava na intenção dos soldados um ato de misericórdia, o que realmente interessava era chegar ao monte Calvário para  poderem cumprir a execução da pena de Jesus. Essa estação também tem um significado místico muito forte, a cruz que Jesus carregava não era dele e sim nossa, tomar sobre nossos ombros a cruz é assumir a nossa condição de pecadores e confiar na misericórdia de Deus, mesmo que Jesus se ofereça ao Pai como vítima expiatória pelas nossas faltas, mas cabe a nós carregamos a cruz que nos pertence. 

Simão não esperava carregar a cruz e do mesmo modo também para nós as vezes ela chega sem que a procuremos, mas carregar a cruz é entregar-se a Deus  e não podemos recusar essa vocação. Carregar a cruz do outro é serviço, neste mistério doloroso da vida de Jesus percebemos o quanto somos necessários na caminhada dos irmãos, embora a salvação seja individual, mas podemos nos salvar juntos, sendo espontaneamente um cireneu na vida de todos os que sofrem com suas pesadas cruzes físicas, psíquicas, emocionais, espirituais e sociais. 

Também nesta estação podemos contemplar a Divina Providência que nunca falha e não nos abandona. Nos momentos mais difíceis de nossa caminhada sempre recebemos um auxílio necessário, Deus não esquece dos seus filhos e escuta o clamor de quem o invoca (Sl 40,1). Jesus que carrega a cruz onde será crucificado nos recorda também Isaac que carrega a lenha do próprio sacrifício (Gn 22,6), mas enquanto Isaac foi poupado, Jesus foi oferecido, não como apenas mais um sacrifício, mas como a nova e eterna Aliança com o Pai. 

Por fim, é ensinamento de nosso Senhor: “Quem quiser me seguir [...] tome a sua cruz e me siga.” (Lc 9,23), um canto popular da Semana Santa diz: “Como Jesus, vou carregar, a minha cruz para poder ressuscitar!” Não fujamos da cruz, ela é o instrumento de nossa salvação e sem ela não poderemos alcançar a Deus que quis nos redimir através do seu Cristo, Jesus, nosso Senhor. 

Oremos para que como verdadeiros cristãos, aprendamos a ser solidários com os irmãos e irmãs que sofrem, e que juntos nesta caminhada rumo a eternidade saibamos partilhar também nossas cruzes. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque
pela vossa santa cruz remistes o mundo.


quarta-feira, 9 de abril de 2025

4ª ESTAÇÃO – JESUS ENCONTRA SUA MÃE

 “Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino foi posto para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como sinal de contradição – e a ti, uma espada transpassará tua alma! – para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações. ” (Lc 2, 34-35)

  Oh! que tão grande dor sofreu Maria ao ver seu filho naquela agonia. Ao lado do Cristo sofredor também contemplamos a Mãe das Dores, Nossa Senhora caminha ao lado do seu Divino Filho, assim como caminha conosco nos momentos de nossas dificuldades, no canto popular dizemos “ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria vem!”, sim, ela é a Mãe da caminhada, sobretudo quando precisamos carregar nossa cruz para o calvário de nossa existência, muitas vezes somos abandonados até mesmo pelos nossos amigos quando estamos em tempos difíceis, assim como aconteceu com Jesus, mas a mãe permanece ao nosso lado. São Lucas no Evangelho nos revela que desde da apresentação do menino Jesus no Templo, o velho Simeão profetiza a grande dor que padeceria a Virgem mãe, seu coração e sua alma são transpassados por uma espada de dor. Lembremos também de tantas mães que hoje sofrem com seus filhos, sejam eles dependentes das drogas, vítimas da violência, ou tantos outros males que afetam nossa sociedade, vemos nelas a figura de Maria.

A profecia de Simeão parece dura, mas compreendemos melhor quando passamos pela vida de Jesus contemplando os mistérios de nossa redenção, Maria não é apenas uma espectadora, ela atua diretamente na obra salvífica do Pai realizada na pessoa do Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso. Olhando para a paixão e morte de Jesus percebemos a contradição dita nas palavras do ancião, Ele que é o Cristo, o Verbo eterno encarnado, Deus todo-poderoso, se submete
às leis dos homens por obediência ao Pai para a nossa salvação. Aquele que é digno que toda honra e glória é humilhado e pisoteado pelos seus algozes como o pior dos criminosos condenado a morte de Cruz, a contradição na vida de Jesus não é algo negativo, mas mostra o quão amoroso é Deus a ponto de entregar o seu Filho para que todos tenham a vida eterna (Jo 3,16).

As palavras dirigidas à Santíssima Virgem anunciam que Maria teria que estar intimamente unida à obra redentora de seu Filho. Nesse sentido Santo Aníbal Maria Di Francia nos diz que: “[...] um só coração é formado pelos dois corações: o Coração de um Deus e o Coração de uma criatura, o coração do Homem-Deus e o coração da Mãe Imaculada do Homem-Deus. Como essa união divina devia manifestar-se em todas as ações da vida mortal do Filho de Deus na terra! Se o Coração de Jesus apenas criado, formou sua primeira pulsação com um ato de adoração perfeitíssima ao Pai, Ele não estava só, mas junto com o Imaculado Coração de Maria.” Santo Aníbal também nos diz: “[...] enquanto estamos neste vale de lágrimas, devemos chorar com Jesus e com Maria: a nossa ocupação deve ser contemplar os sofrimentos de Jesus e de Maria [...]”, ou seja, a Santíssima Virgem das Dores está unida ao Cristo crucificado, a lança que fisicamente transpassou o Coração de Jesus, espiritualmente rasgou o Coração de Maria, ambos corações estão abertos para que possamos entrar e experimentar o amor de Deus que se Revela na história da Redenção, sobretudo na Cruz.  

Oremos para que saibamos discernir tudo o que nos acontece, assim como Nossa Senhora que guardava tudo em seu coração. Pedimos de modo especial por todas as famílias e pelas mães que padecem com seus filhos. Que de Maria aprendamos a amar a Jesus e segui-lo pelo caminho, mesmo nos momentos de dor. Nossa Senhora das Dores, rogai por nós! Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

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terça-feira, 8 de abril de 2025

3ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ


 “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11, 28-30)

Estamos seguindo os passos de Nosso Senhor até o monte Calvário, Jesus antes de começar a carregar a cruz foi terrivelmente açoitados e humilhado de todas as maneiras, a subida do monte começa a pesar e a cruz cansa os ombros e as pernas do Cordeiro inocente. 

Certamente Jesus caiu várias vezes ao longo do caminho, mas na meditação da via-sacra recordamos apenas três, que trazem um forte significado para nossa existência e relação com Deus. Na primeira queda olhemos para Jesus exemplo de humildade, paciência, mansidão e perdão, do seu Sagrado Coração brota para nós o divino convite “Vinde a mim…”, mesmo sendo tão ultrajado pelos nossos pecados Ele que é manso e humilde nos acolhe para aliviar os nossos fardos. 

Muitas vezes durante a caminhada da vida também caímos com o peso de nossas cruzes, em determinados momentos o fardo parece nos sufocar e não temos mais forças para continuar o peregrinar, é no Coração de Jesus que encontramos o descaso para o nosso espírito. 

Olhemos a primeira queda como quem carrega o peso da missão colocada nos ombros e depois de certo tempo de caminhada sente todas as suas forças físicas se esgotarem e caem sob o fardo. Imagino que fisicamente Jesus estava esgotado, depois de apanhar fortemente dos soldados, ela sangrava pelo caminho, deixando a marca de sua missão que foi incompreendida até mesmo pelos seus discípulos, também nós muitas vezes incompreendidos nos fadigamos e perdemos a força para continuar, se caímos não podemos nos entregar, é preciso levar e continuar a nossa missão, apesar das dores e do cansaço.   

Certa vez na solenidade de Corpus Christi, São Paulo VI disse: “Jesus diz agora e sempre: ‘Vinde a mim os que andais afadigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei’. Efetivamente Jesus está numa atitude de convite, de conhecimento e de compaixão por nós; mais ainda, de oferecimento, de promessa, de amizade, de bondade; de remédio para os nossos males, de confortador, e ainda mais, de alimento, de pão, de fonte de energia e de vida.”, ou seja, se estamos cansados e abatidos por causa do peso da cruz, se caímos durante a nossa caminhada rumo a santidade, Jesus é o nosso auxílio, n’Ele está a força e a esperança para que possamos continuar até o fim. 

Oremos pedindo ao Senhor forças para continuar carregando nossas cruzes diárias, peçamos a graça de encontrar no seu Sacratíssimo Coração o alívio de nossas fadigas e com ele aprendamos a mansidão e a humildade necessária para viver santamente fazendo a vontade do Pai e em fraternidade com os nossos irmãos. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.


9ª ESTAÇÃO – JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

“Mas ele foi transpassado por nossas transgressões, esmagado por causa de nossas iniquidades. O castigo que havia de nos trazer-nos a paz, c...