terça-feira, 8 de abril de 2025

3ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ


 “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11, 28-30)

Estamos seguindo os passos de Nosso Senhor até o monte Calvário, Jesus antes de começar a carregar a cruz foi terrivelmente açoitados e humilhado de todas as maneiras, a subida do monte começa a pesar e a cruz cansa os ombros e as pernas do Cordeiro inocente. 

Certamente Jesus caiu várias vezes ao longo do caminho, mas na meditação da via-sacra recordamos apenas três, que trazem um forte significado para nossa existência e relação com Deus. Na primeira queda olhemos para Jesus exemplo de humildade, paciência, mansidão e perdão, do seu Sagrado Coração brota para nós o divino convite “Vinde a mim…”, mesmo sendo tão ultrajado pelos nossos pecados Ele que é manso e humilde nos acolhe para aliviar os nossos fardos. 

Muitas vezes durante a caminhada da vida também caímos com o peso de nossas cruzes, em determinados momentos o fardo parece nos sufocar e não temos mais forças para continuar o peregrinar, é no Coração de Jesus que encontramos o descaso para o nosso espírito. 

Olhemos a primeira queda como quem carrega o peso da missão colocada nos ombros e depois de certo tempo de caminhada sente todas as suas forças físicas se esgotarem e caem sob o fardo. Imagino que fisicamente Jesus estava esgotado, depois de apanhar fortemente dos soldados, ela sangrava pelo caminho, deixando a marca de sua missão que foi incompreendida até mesmo pelos seus discípulos, também nós muitas vezes incompreendidos nos fadigamos e perdemos a força para continuar, se caímos não podemos nos entregar, é preciso levar e continuar a nossa missão, apesar das dores e do cansaço.   

Certa vez na solenidade de Corpus Christi, São Paulo VI disse: “Jesus diz agora e sempre: ‘Vinde a mim os que andais afadigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei’. Efetivamente Jesus está numa atitude de convite, de conhecimento e de compaixão por nós; mais ainda, de oferecimento, de promessa, de amizade, de bondade; de remédio para os nossos males, de confortador, e ainda mais, de alimento, de pão, de fonte de energia e de vida.”, ou seja, se estamos cansados e abatidos por causa do peso da cruz, se caímos durante a nossa caminhada rumo a santidade, Jesus é o nosso auxílio, n’Ele está a força e a esperança para que possamos continuar até o fim. 

Oremos pedindo ao Senhor forças para continuar carregando nossas cruzes diárias, peçamos a graça de encontrar no seu Sacratíssimo Coração o alívio de nossas fadigas e com ele aprendamos a mansidão e a humildade necessária para viver santamente fazendo a vontade do Pai e em fraternidade com os nossos irmãos. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.


segunda-feira, 7 de abril de 2025

2ª ESTAÇÃO: JESUS CARREGA A CRUZ

“Então eles tomaram a Jesus. E ele saiu carregando sua cruz e chegou ao chamado “Lugar da Caveira” – em hebraico chamado Gólgota.” (Jo 19, 17).


Não bastava ser condenado injustamente, o Divino Mestre teve que carregar nos ambos uma pesada cruz, instrumento de sua violenta morte. Essa estação nos ensina que para chegarmos à glória da Ressureição precisamos percorrer o caminho até o calvário, a cruz de nosso Senhor se tornou para nós uma escada que nos leva até Deus, os braços abertos de Jesus pregados no madeiro sagrado são para nós como as portas da eternidade abertas para todos aqueles que desejam reconciliar-se com o Pai através do sacrifício do Filho. Santa Teresinha diz: “Vossos braços são o elevador que deve me elevar até o céu, ó Jesus!”, esse elevador não é apenas um mecanismo para nos elevar, mas um meio de seguimento. Jesus que vai para o Pai também deseja que o sigamos no caminho de santidade, mas não somos capazes pelos nossos próprios méritos, necessitamos da graça de Deus e nos braços de Jesus somos carregados como como a ovelha cansada e abatida que necessita do auxílio do Bom Pastor. 

São João é o único evangelista que diz claramente que Jesus carregou a Cruz nas costas, embora seja uma ação obrigada, mas também nos ensina que é carregando as nossas cruzes que podemos chegar à glória. Disse Jesus:  “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Lc 9,23), ou seja, seguir Jesus é carregar diariamente nossos fardos como sacrifício de conversão de nossa vontade em vontade de Deus, renunciar a si significa aceitar de coração o projeto de Deus para nossa vida. Jesus vai para o lugar da Caveira, o nome do local parece aludir a forma de crânio que tinha o lugar, mas também podemos pensar que é o lugar da morte, mas de onde veio a morte, também surgirá a vida, a cruz fincada no calvário será a nova árvore da vida de onde nos brotará da salvação. 

Caminhar com Jesus é caminhar carregando a cruz, que nós possamos humildemente e voluntariamente entrar nesse caminho sagrado, para sermos imitadores do Cristo que se entrega por amor aos irmãos, colocando-se a serviço de todos, em oblação de amor e respeito à vontade daquele que O enviou. Oremos para que tenhamos forças para carregar as nossas cruzes, que saibamos imitar nosso Senhor Jesus Cristo em sua entrega e para que nossas dores sejam suportadas pela esperança de que da cruz plantada no Calvário brotará a Ressureição. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo.

------------------

Fonte da imagem:
Jesus Cristo carregando a cruz

domingo, 6 de abril de 2025

1ª ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO A MORTE DE CRUZ

 

“Pilatos procurava libertá-lo. Mas os judeus gritavam: “ Se soltas esse homem não és amigo de Cesar! Todo aquele que se faz rei opõe-se a Cesar!” Ouvindo tais palavras, Pilatos levou Jesus para fora, fê-lo sentar-se no tribunal, no lugar chamado pavimento, em hebraico Gábata. Era dia da preparação da Páscoa, perto da sexta hora. Disse Pilatos aos judeus: “Eis o vosso rei!” Eles gritaram: “À morte! À morte! Crucifica-o!” Disse-lhes Pilatos: “Crucificarei vosso rei?” Os chefes dos sacerdotes responderam: “Não temos outro rei a não ser Cesar!” Então Pilatos o entregou para ser crucificado.” (Jo 19, 12-16).

 

“ (Pilatos) Vendo que nada conseguiria, mas ao contrário, a desordem  aumentava, pegou água e lavando as mãos na presença da multidão, disse: “Estou inocente desse sangue. A responsabilidade é vossa”. ” (Mt 27, 24).

 

            Iniciamos a meditação do sagrado caminho do Calvário que também nos leva até a glória da Ressureição. Injustamente Nosso Senhor Jesus Cristo é sentenciado a uma morte cruel, a mais terrível condenação daqueles dias, Ele foi traído, preso e entregue aos seu algozes acusado de blasfêmia e de autoproclamar-se rei, mas Jesus é de fato o enviado por Deus Pai, é Filho de Deus, o Messias esperado pelas nações, o Cristo que vem salvar nossa humanidade pecadora. Ele é Rei, não dos poderes terrenos, mas de toda autoridade concedida pelo Pai. Tendo-se encarnado no seio virginal de Maria Santíssima, Jesus como ser humano se submete às leis deste mundo, mesmo sendo Deus, deixa-se ser condenado como sinal de obediência ao Projeto Salvífico do Pai, “[...] se possível, afasta de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres [...][1], com Jesus aprendemos a lição da obediência a Deus, mesmo diante das dificuldades, mesmo que a cruz nos pareça inevitável e pesada demais para nossa frágil condição, é preciso aceitar a vontade de Deus, pois o seu divino projeto é maior do que as nossas aspirações.

            Percebemos também Pilatos pressionado pela vontade daqueles que se diziam representantes de Deus, covardemente ele lava suas mãos esquivando-se da culpa de tão grave erro. Também nós às vezes somos influenciados por outras vozes, e ao invés de ouvirmos a Palavra de Deus preferimos seguir o fluxo de certa maioria, muitas vezes não temos coragem de enfrentar o sistema para defender a verdade simplesmente com medo de sermos excluídos de nossas posições sociais e cargos que ocupamos, muitas vezes somos também como os fariseus e pensamos ser “donos de Deus”, portadores exclusivos da voz do Altíssimo, muitas vezes são somente as nossas vontades e não a Palavra de Deus que grita em nossos lábios e ações.

            Essa estação também nos proporciona refletirmos sobre como é nossa relação com os nossos irmãos, vivemos em uma sociedade promotora de indivíduos autossuficientes, pessoas incapazes de ouvir o outro e compreender sua história e limitações, facilmente condenamos os outros como se fossem os piores pecadores do mundo, na primeira oportunidades gritamos “crucifica-o  sem nos importamos com a verdade, tudo isso apenas para satisfazer nossa ilusão de que somos melhores que aqueles que condenamos. Não é incomum também agirmos como Pilatos quando descobrimos que o acusado é inocente, a força que tivemos para condenar não é a mesa mesma para pedir desculpas e reparar nosso erro, preferimos lavar nossas mãos e sermos indiferentes com aqueles que injustamente condenamos, sobretudo, porque mesmo que alguém seja culpado por algo, todos nós temos nossas fragilidades e “aquele que não tiver pecado seja o primeiro a atira-lhe uma pedra[2], o caminho do Calvário é caminho do perdão, Jesus tomou sobre si nossos pecados[3] para nos lavar com seu Sangue precioso, devemos aprender com Ele que até no alto da cruz soube perdoar aqueles que lhe perseguiam[4].

            Oremos pedindo ao Bom Jesus perdão pelas vezes que o condenamos em nossos irmãos e também pelas vezes que pecando somos indiferentes ao seu Santo Sacrifício na cruz, que esses sagrados mistérios transformem nossas vidas para que sejamos pessoas promotoras do perdão e não de condenação. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo.

 



[1] Mt 26,39.

[2] Jo 8, 7.

[3] Is 53, 4.

[4] Lc 23,34.

Fonte da imagem: Pin em interior design and art 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

LUZ QUE ILUMINA AS NOSSAS VIDAS

No dia 2 de fevereiro celebramos a festa da APRESENTAÇÃO DO SENHOR, quando recordamos a Virgem Maria e São José que cumprindo o preceito judaico levam o Menino Jesus para ser apresentado no Templo conforme o costume. Também neste dia em muitos lugares é venerada a Virgem Santíssima com o título de Nossa Senhora da Luz ou Nossa Senhora das Candeias como é bastante conhecida no nordeste brasileiro.

            Esta festa está intimamente ligada às celebrações do Natal do Senhor, embora já não estejamos no tempo litúrgico do Natal, mas a liturgia deste dia nos lembra que Jesus é a luz divina que veio iluminar as trevas da humanidade. “A data escolhida para a festa da apresentação pela Igreja de Jerusalém foi, a princípio, 15 de fevereiro, 40 dias depois do nascimento de Jesus, então o Oriente celebrava a 6 de janeiro, em conformidade com a lei hebraica, que impunha esse espaço de tempo entre o nascimento de um menino e a purificação de sua mãe. Quando nos séculos VI e VII, a festa se estendeu ao Ocidente, foi antecipada para 2 de fevereiro, porque o nascimento de Jesus era celebrado a 25 de dezembro[1]”.

            No livro da profecia de Malaquias (3, 1-4) vemos o anúncio do “dia do Senhor”, um prenúncio da chegada do messias que vem como verdadeiro e único sacerdote para oferecer um sacrifício agradável a Deus em favor do povo. A chegada de Jesus inaugura um tempo novo e sua apresentação no templo marca uma nova liturgia, pois também de acordo com as profecias de Jeremias (31, 31-34) ele vem para renovar a aliança entre Deus e seu povo através de um purificação dos corações.

            Ao ser apresentado no tempo cumprindo os preceitos de sua época, sendo sujeito à lei como todas as pessoas, a carta aos Hebreus (2, 14-18) nos recorda que Jesus também participou de nossa condição humana para assim destruir a morte, ou seja, sua presença em nosso meio é luz que ilumina as nossas trevas. Quando vivemos no pecado estamos na escuridão e amarrados na morte pelo diabo, mas Jesus com sua vida, paixão, Morte e Ressurreição nos libertou das amarras do antigo inimigo. Como em outrora era o sumo-sacerdote que oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, Jesus o novo e eterno sumo-sacerdote oferece um só sacrifício em expiação dos nossos pecados.

            A narração da apresentação do Menino Jesus no templo descrita por Lucas (2 ,22-40) traz muitos elementos que enriquecem nossa reflexão, primeiro destacamos a obediência da Sagrada Família de Nazaré ao cumprir a Lei de Moisés que previa a purificação da mãe e a apresentação do primogênito. De acordo com o livro de Levítico ( 12, 2-8) quando uma mulher dava à luz a uma criança, seja menino ou menina ela se tornava impura e deveria cumprir um período de purificação que se encerrava com a apresentação da criança no templo e com a oferta de sacrifícios no rito de expiação. A tradição cristã nos ensina que a Virgem Maria permaneceu pura mesmo depois do parto, mas sujeitos à lei, eles foram obedientes aos preceitos religiosos.

            A ida ao tempo também tem um sentido místico na vida de Jesus, pois conforme indica o livro do Êxodo (13, 2.12-13) todo primogênito pertence a Deus e deveria a Ele ser consagrado para dedicar-se ao culto Divino. Na pessoa de Jesus se cumpre a profecia daquele que seria o grande sacerdote, único mediador entre Deus e os homens[2]. O velho Simeão representa a humanidade que esperava pelo Salvador, uma luz para iluminar os povos, ele é a Consolação de Israel. Maria e José mesmo sabendo que traziam em seus braços o Filho de Deus, ficavam admirados com todas as coisas que falavam a respeito do menino, com eles aprendemos o verdadeiro sentido da obediência, pois muitas vezes, mesmo sem entender eles aceitavam e guardavam no coração até mesmo quando a profecia parecia ser dura demais, como uma espada a transpassar a alma. Esse episódio tão ligado a festa do Natal também faz referência a Paixão de morte de Jesus, ele que com sua vida foi contradição para muitos religiosos de sua época, também compartilhou com o Imaculado Coração de sua mãe as dores do seu Sagrado Coração por amor a todos nós.

            Assim como Simeão, a profetisa Ana que não se afastava do templo e podemos pensar além da estrutura física, Simeão e Ana não se afastavam de Deus e somente quando estamos juntos d’Ele é que podemos contemplar a Salvação, somente servindo ao Senhor nossos olhos se enchem de luz, a verdadeira luz que ilumina as trevas das nossas vidas. A figura desses dois anciãos no templo como servidores do Senhor também nos recorda todos os homens e mulheres que consagraram suas vidas como religiosos para o Reino de Deus, são freis (irmãos), freiras (irmãs), sacerdotes e leigos que fizeram a opção de viver mais intensamente os conselhos evangélicos de obediência, pobreza e castidade, seguindo o exemplo do divino mestre, se colocando a serviço de Deus e dos irmãos sobretudo na caridade, como sal da terra e luz do mundo[3]. Segundo Santo Aníbal Maria, “a vocação religiosa – vede que graça! – não é dada a todos! É sinal de predestinação. Depois do Santo Batismo é a maior graça que Deus pode conceder a uma alma. Graça da sua pura bondade!” São homens e mulheres escolhidos por Deus para serem transmissores de Jesus, a luz que ilumina as nossas vidas, rezemos pelas vocações religiosas, para que o Senhor da messe e Pastor do Rebanho se digne enviar numerosos e santos operários para à sua messe. Assim seja!



[1] Missal dominical da Assembleia Cristã, PAULUS, 1995, p. 1309.

[2] 1 Timóteo 2, 5-6.

[3] Mateus 5, 13-14.

Fonte da imagem: https://br.pinterest.com/pin/13370130137954946/ 

3ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ

  “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque so...